quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um trecho do meu romance "Abel em Assis"

Um trecho do meu romance "Abel em Assis". Em breve, nas livrarias:


"Saiu do hotel segurando um mapa de Roma que o recepcionista lhe fornecera. Abel havia pedido ao agente de viagem para se hospedar em um lugar novo e próximo ao metrô. O hotel de fato era novo, porém a estação de metrô mais próxima demandava uma boa caminhada e se chamava Cornélia. O veterinário desconhecia a origem desse nome e por isso não percebeu que era um segundo bom presságio.
Cornélia Africana entrou para a História como exemplo de uma mulher romana. Não quis se casar novamente após se tornar viúva e testemunhou a morte violenta de seus filhos Tibério e Caio Graco, dois políticos que defenderam a plebe romana. Estóica e abnegada, Cornélia retirou-se de Roma após a morte deles, sendo respeitada até pelos senadores que foram inimigos de seus filhos. Além disso, Cornélia tem a mesma raiz da palavra coração, que, em latim, é cor. Para os romanos, ricordare era fazer passar novamente pelo coração e Abel estava na Itália justamente por causa do que se passava em seu coração.
Saiu do metrô na estação Piazza di Spagna. A escadaria estava lotada de turistas sentados em seus degraus. Muitos tomavam sorvete naquele dia de verão. Abel retirou da mochila que carregava nas costas uma máquina fotográfica, mas só se animou em bater uma foto. Continuou pelo emaranhado de vielas até encontrar a Fontana di Trevi. Um cardume de turistas circundava a fonte mais famosa de Roma e foi difícil encontrar um espaço livre para tirar uma foto."